No último sábado (14), o Subcomitê Águas da Moeda e o Instituto Cresce celebraram o Festejo Cultural em homenagem aos 13 anos do movimento ‘Fechos, Eu Cuido’. O evento aconteceu na sede do instituto, localizada no bairro Vale do Sol, em Nova Lima, e contou com uma variedade de atividades, incluindo oficinas artísticas, uma feira agroecológica e artesanal, manifestações culturais e rodas de conversa.
O Festejo Cultural promove um encontro enriquecedor entre pessoas, lideranças, agentes e instituições que apoiam a causa e buscam fortalecer o movimento em prol da integridade do manancial de Fechos. É importante destacar que a região abriga a Estação Ecológica de Fechos, uma unidade de preservação natural cujas águas abastecem cerca de 280 mil pessoas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A tempos, a preservação desse manancial é bastante discutida e, recentemente, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Partido Novo), vetou a expansão territorial da unidade de preservação e apontou o “potencial econômico” como justificativa para a negativa.
Para o coordenador-geral do Subcomitê Águas da Moeda, Pedro Henrique Pires, a importância desse evento vai para além do entretenimento; ele é fundamental para ampliar a conscientização ambiental entre um público mais amplo. “Por isso, trazemos movimentos como o CBH Rio das Velhas, o Instituto Cresce e o Projeto Manuelzão, com o objetivo de situar os participantes das unidades territoriais da cabeceira do Velhas e mostrar a relevância do Águas da Moeda. Queremos promover a conscientização e buscamos unir esforços de diferentes movimentos para a causa”, explicou Pedro Henrique.
A roda de conversa , “Sede de quê? Até quando teremos água na Região Metropolitana de Belo Horizonte?”, proposta na programação, teve destaque. O vice-presidente do CBH Rio das Velhas, Ronald Guerra, destacou a relevância do movimento para a proteção da Estação Ecológica de Fechos. “Esse movimento é muito importante para a proteção da estação e assegurar a manutenção e a proteção dos mananciais que abastecem parte da região metropolitana.”
A conversa abordou temas cruciais sobre a reserva hídrica e a importância do aquífero Cauê, especialmente em um momento em que a região enfrenta crescente pressão do desenvolvimento metropolitano e da exploração de minério. Guerra enfatiza: “Sabemos que essa região enfrenta intensa pressão devido ao crescimento metropolitano e à atividade mineradora, tornando essencial a implementação de critérios mais rigorosos de proteção. Esse movimento, promovido pela sociedade civil organizada, conta com a participação de diversas lideranças e visa reforçar a importância do Subcomitê Águas da Moeda nesse processo. É essencial, portanto, ampliar o diálogo e desenvolver políticas públicas que garantam a proteção dos mananciais e do sistema geológico do aquífero Cauê”.
Estação Ecológica Fechos
A Estação Ecológica de Fechos é um tema de extrema importância para a conservação ambiental, especialmente no contexto do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Segundo o coordenador-geral do Subcomitê Águas da Moeda, Pedro Henrique Pires, a estação tem sofrido com diversas pressões, assim como o lançamento de esgoto em seus canais. “Infelizmente, a estação tem enfrentado sérios problemas, como o recebimento de esgoto não tratado e desafios com órgãos públicos, além da pressão de grandes empresas mineradoras. Sabemos que há abundância de água subterrânea na região e que a água que brota do chão é extremamente pura, abastecendo cerca de 280 mil pessoas na RMBH. Portanto, este movimento e festejo são essenciais para destacar a necessidade de cuidar e proteger a Estação de Fechos, bem como de garantir sua expansão”, afirmou Pedro.
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Outras atividades
Na parte da manhã, três oficinas engajaram os participantes de forma criativa. O artesão Flávio Negrão liderou a oficina “Escultura em Bambu e Resíduos – As Aves que Voam por Aqui”. A ativista Ana Paula Carvalhais ficou à frente da oficina “Memória de Afetos”. Além disso, a equipe do Instituto Cresce coordenou a oficina de Plantio, proporcionando uma experiência prática e educativa aos participantes.
Ao meio-dia houve pausa para Almoço Agroecológico e intervenções artísticas, como a roda de Ciranda e Brincadeiras Cantadas com a artista Silvia Negrão. À tarde houve a roda de conversa “Sede de quê? Até quando teremos água na Região Metropolitana de Belo Horizonte?”. Para finalizar, a partir das 17h, o evento abriu espaço para os presentes realizarem manifestações artísticas pelas águas, serras, florestas e povos da região do Espinhaço.
Águas da Moeda
A Unidade Territorial Estratégica (UTE) Águas da Moeda, situada no Alto Rio das Velhas, abrange uma área de 544,32 km² e inclui os municípios de Itabirito, Nova Lima, Raposos, Rio Acima e Sabará. Essa região enfrenta diversos impactos, especialmente devido à mineração e à remoção de vegetação nativa, impulsionada por empreendimentos imobiliários, mineradoras e comerciantes.
Na UTE Águas da Moeda está situada a Estação Ecológica de Fechos, criada em 1994, com uma área superior a 600 hectares e cerca de 15 nascentes. Essa Unidade de Conservação abriga biomas do Cerrado e da Mata Atlântica, além de uma rica fauna ameaçada de extinção. Suas águas abastecem aproximadamente 280 mil pessoas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). A bacia de Fechos ganhou ainda mais relevância para a RMBH após a tragédia da Vale em Brumadinho, que contaminou o rio Paraopeba, onde havia captação de água.
Assessoria de Comunicação do CBH Rio das Velhas:
TantoExpresso Comunicação e Mobilização Social
*Texto: João Alves
*Fotos: João Alves